terça-feira, 18 de outubro de 2016

O CONHECIMENTO DO SER DE DEUS



Antes de tudo, gostaria de quebrar certos pré-conceitos que alguns cristãos têm a respeito da Teologia. Eles acreditam que teologia é a ciência que estuda Deus com base nas ideias de homens religiosos, e isso não é correto. Teologia é o estudo de Deus com base nas revelações que Ele nos deu através da natureza, da história e principalmente na revelação especial, a saber, as Sagradas Escrituras (Bíblia). Percebe-se que que toda a base da teologia está na revelação, e não simplesmente em ideias humanas.

Entendendo tudo isso podemos começar a discutir sobre o Ser de Deus. O que as Escrituras nos revelam é que há um único Deus, Ele é singular, único, não há outros deuses, isso demonstra sua absolutividade. Isso é indiscutível nas Escrituras, ela está repleta de textos que nos revelam isso: Dt 6.4; 1 Rs 8.60; Is 37.16; 1 Co 8.4; Gl 3.20; Ef 4.6. E muitos outros textos.

Existe outra coisa que precisamos entender a respeito de Deus, Ele nos revela nas Escrituras que é um Deus Transcendente e Imanente, isso é chamado de Teísmo. Transcendência é o fato de Deus está acima de toda a criação, e sobre ela (Is 55.8-9). A Imanência é o fato de Deus se relacionar com essa criação (Sl 104.27-34).

Só que, como sempre, devemos tomar cuidado com os extremismos. Existe um grande perigo quando há uma enfatização em uma das duas características mais que a outra. Deve haver um equilíbrio pois quando enfatizamos mais a imanência do que a transcendência, caímos no erro do Panteísmo, que identifica Deus com o mundo. O panteísmo afirma que o mundo é uma extensão de Deus, e Ele então passa a possuir uma substância física. A energia física presente no mundo é Deus, que veio a ser identificado com o mundo físico. Quando se aceita um Deus assim, ele perde a sua própria personalidade, manifestando-se na existência de todas as coisas. [1] E quando enfatizamos mais a transcendência do que a imanência, acabamos caindo no erro do Deísmo, que creem em um Deus distante e sem qualquer relacionamento com o mundo criado, negando a doutrina da providência divina ou a doutrina da revelação geral. [2] Um dos teólogos mais conhecidos dessa linha filosófica é Kierkegaard e Karl Barth. O que se pode responder às suas afirmações? Tenho em mente apenas uma pergunta a fazer-lhes: Se Deus é tão distante assim, como Barth pode falar dele? [3]

Percebe-se que há um equilíbrio entre essas duas características de Deus, sua transcendência e imanência em algumas passagens bíblicas: Isaías 6.1-5; 57.15; Sl 113.5-7; Jo 8.23 (Jesus está presente falando de sua transcendência).

O único modo de conhecer a Deus é através do estudo de seu caráter conforme nos foi revelado nas Escrituras, e esse caráter deve ser considerado um padrão para a moralidade humana, pois a falta desse conhecimento leva à imoralidade destrutiva e ao relativismo diabólico que foi plantado nos ideias pós-moderno. Por isso é de extrema importância o estudo do Ser de Deus, para que nós e nossos filhos sejamos influenciados a vivermos conforme o caráter de Deus. Há alguns benefícios evidentes para a vida do crente quando ele conhece mais a fundo o caráter de Deus, como o desfrutar de um melhor relacionamento com Ele, entender e viver o que realmente é um culto diante dele, melhorar nossa adoração comunitária e nos faz enxergar melhor o universo e a perspectiva de vida, compreendendo com mais tranquilidade o agir de Deus no mundo.

Aconselho aos leitores uma melhor dedicação ao estudo do tema, pra isso indico bons livros de teologia sistemática que abordam não só este assunto, mas vários outros para o nosso crescimento intelectual a respeito da fé cristã. Esses livros são: Teologia Sistemática de Louis Berkhof, Manual de Doutrina Cristã de Louis Berkhof, Teologia Sistemática de Charles Hodge, O Ser de Deus de Heber Carlos de Campos, Teologia Puritana de Joel R. Beeke, Criados à Imagem de Deus de Anthony Hoekema, e As Institutas da Religião Cristã de João Calvino. Boa leitura!


Notas bibliográficas:

[1] CAMPOS, Heber Carlos. O ser de Deus. 3º Ed. Cultura Cristã: São Paulo, 2012. p. 16.
[2] Ibid. p. 20.
[3] Ibid. p. 19.


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FÉRES, Leonan. Texto escrito no dia 18/10/2016.



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