Ed Welch
“Você acha que homossexualismo é nojento?”
A pergunta não poderia ter sido feita de uma maneira mais graciosa. Aqui está o contexto. A pessoa que me perguntou havia escutado uma fita de uma palestra minha sobre homossexualismo, e foi esta palestra que o fez perguntar aquilo. Minha …própria… palestra. Falava sobre uma questão do coração. Eu fiquei devastado com aquilo e assim eu ainda estou, mas no bom sentido. Todos deveriam se sentir abençoados de ter alguém como essa pessoa em suas vidas.
É claro que a questão dele era bem pessoal. Conselheiros raramente recebem perguntas meramente teológicas. Quando alguém pergunta: “O que você acha sobre ______ (abuso infantil, confidencialidade, submissão, etc.)” A pessoa está, usualmente, fazendo uma pergunta mais pessoal. E, sem dúvida, esta questão era pessoal. Ele estava perguntando: “Você acha que eu sou nojento?”
Humm. Senhor tenha misericórdia, e ele teve .
Após uma longa pausa, eu disse que não. Aqui está porque eu pausei. Eu acredito que ele – a pessoa que estava fazendo a pergunta – era nojento? Eu não acho. Com certeza eu diria que não antes de nossa conversa, mas eu queria ir mais fundo na pergunta. Se eu tivesse dito qualquer coisa que levantasse alguma questão no coração dele, eu poderia perder a oportunidade de conhecer meu próprio coração. Eu nunca lutei com o desejo pelo mesmo sexo, e isso deveria me fazer parar para refletir nesta questão. É muito fácil ter paciência e compaixão por pessoas que compartilham seus problemas e ao mesmo tempo é muito fácil manter uma posição de auto-justiça e julgadora para com aqueles que não compartilham. Eu estou propenso a essas tendências humanas.
Então eu não responderei essa questão completamente – ainda. Minhas ações começarão a responder essa pergunta quando eu falo sobre a homossexualidade e uma pessoa que experimenta interesses homossexuais se sente bem para falar comigo e sem medo que a palavra “nojento” apareça na minha mente. Em vez disso, ele pode perceber indícios de “compaixão e misericórdia”, “cheio de bondade e verdade” (Êxodo 34:6). Mais uma prova virá quando alguém que me ouve falar e é compelido para o arrependimento de sua falta de compaixão e graça para com aqueles que confessam lutar com desejos homossexuais, e ele ou ela me ultrapassem em amor. (Hmm, essa última parte sobre a ultrapassar-me pode não estar dizendo muito, mas, ainda assim, seria como um incentivo)
Isso levanta uma outra questão. Deus vê os homossexuais com repugnância? Essa pergunta faz da questão sobre mim menos importante.
Bem, nós sabemos que homossexualismo é proibido (Lv 18.22) mas perceba também – que é um item numa longa lista de proibições. Mas repugnância e nojo? O livro de Ezequiel fala sobre repugnância. Leia pelo menos os dois primeiros capítulos e você me falará o que é repugnante. Por que? “O povo da terra pratica extorsão e comete roubos; oprime os pobres e os necessitados e maltrata os estrangeiros, negando-lhes justiça.” (Ez 22.29, veja também 23.17-19). A partir daqui, podemos estender o desgosto de Deus para toda nossa desumanização idólatra. A homossexualidade não é uma categoria especial de pecado. Isso nivela o campo de jogo, e a maioria de nós já acredita nisso.
Dito isso, nós vamos para a próxima e completa expressão do caráter de Deus como Ele se revela em Jesus, e então chegamos a temas inconfundíveis.
Jesus sempre estava atento e sensível para quem mostrou o menor interesse nEle. Passe pelos evangelhos e veja como tudo o que tinha para fazer era o contato o mais breve olho no olho com Jesus e Ele faria uma linha reta até a sua porta. Apenas o menor aviso. Nós não temos, naturalmente, qualquer interesse no Deus Uno e Trino. Então, quando houve uma pitada de interesse, Jesus se movia em direção à essas pessoas e agia como se fossem o seu povo.
E quem eram eles? Não foram os líderes – eles o rejeitaram. Pelo contrário, o seu povo era imundo. As pessoas que eram repugnantes foram as rejeitadas pelos líderes no tempo de Jesus e foi com elas que Jesus andou. Os leprosos, os machucados, os marcados como sexualmente impuro e contaminados, os cobradores de impostos – estes eram amigos de Jesus. Um dos primeiros ataques contra Jesus, que parecia desqualificá-lo de ser o rei, pelo menos aos olhos de alguns, é que ele era um “amigo de publicanos e pecadores” (Mateus 11:19). Mas, enquanto outros ficavam revoltados com cobradores de impostos e com pecados óbvios, Jesus não ficava. Ao contrário, ele fazia as refeições com esses marginais, que era um sinal de companheirismo e aceitação. Estas foram as pessoas que voltaram seus olhares quando Jesus olhou para eles. Eles compreenderam Jesus. De alguma forma, através das palavras de Jesus e as obras, alguns receberam a mensagem de que tantas pessoas perderam. Jesus redesenhou as linhas: os excluídos foram incluídos, e a elite cultural, que recusou o convite, se tornou excluída.
Tudo isso me fez sentir um pouco nojento enquanto eu considerava o farisaismo em meu próprio coração, mas – e eu acho isso fantástico e sobrenatural – Eu não pretendo continuar sendo fariseu. Eu quero levar o que me foi dito muito a sério. Eu sinceramente desejo imitar Jesus, em tom e conteúdo. Eu quero me aproximar de sua maneira de convidar outras pessoas, especialmente sua maneira de convidar aqueles que não podiam se imaginar sendo convidados pelo Senhor. Enquanto isso, Jesus dará a palavra final sobre a minha própria tendência de me chocar e ficar muito tempo sentindo culpa. Tempo para o arrependimento pessoal? Absolutamente. Ainda há mais. Jesus é meu Deus. Ele é paciente e tardio em irar-se comigo. E, agora, ele me convida para um banquete. Tenho que ir.
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WELCH, Edward T. Traduzido por Rafael Bello. Texto original de CCEF. Texto em Português extraído de: Reforma21.